A saúde mental deixou de ser um “assunto de mimimi” e se tornou um pilar estratégico e financeiro para qualquer empresa que almeja um futuro sustentável. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o mundo desperdiçará 6 trilhões de dólares anualmente até 2030 por ignorar as consequências de transtornos como depressão, ansiedade e estresse no ambiente de trabalho. Mas por que esse número é tão alarmante e o que as empresas podem fazer para reverter esse cenário?
O Custo da Inação
O desconhecimento ou a negligência com a saúde mental dos colaboradores não afeta apenas o bem-estar individual, mas destrói o valor da empresa. Um trabalhador com a saúde mental comprometida tem sua produtividade reduzida, aumenta as taxas de absenteísmo (ausências no trabalho) e a rotatividade (turnover), e contribui para um ambiente organizacional insalubre. Isso se traduz em perdas financeiras significativas, que muitas vezes são invisíveis nos balanços, mas corroem o desempenho da empresa de dentro para fora.
A inovação, que é o motor do crescimento e da competitividade, simplesmente não prospera em ambientes onde as pessoas estão adoecidas. Criatividade, colaboração e resolução de problemas — elementos cruciais para a inovação — dependem diretamente de uma equipe mentalmente saudável e engajada.
O Caminho para a Mudança: Como Priorizar a Saúde Mental
Reconstruir um futuro pautado na saúde mental exige uma mudança de mentalidade e ações concretas. Não basta oferecer terapia ou ginástica laboral; é preciso ir à fonte do problema. A especialista Ana Luiza Orcades, auditora fiscal do trabalho, destaca que as empresas devem tratar a saúde mental com a seriedade que ela merece, desmistificando a ideia de que é um tema subjetivo.
Para isso, é fundamental:
- Quebrar Estigmas e Barreiras: Promover a educação sobre saúde mental, desmistificando o preconceito e incentivando a busca por ajuda. A cultura da empresa deve valorizar a vulnerabilidade e o cuidado mútuo.
- Aproveitar a Inteligência de Dados: Utilizar dados para mapear e identificar os riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Ferramentas e profissionais especializados podem ajudar a coletar informações sobre o clima organizacional, a carga de trabalho e as relações interpessoais.
- Oferecer Acesso a Serviços de Alta Qualidade: Proporcionar suporte profissional, como terapia e programas de bem-estar, mas sempre em conjunto com ações que atuem na causa raiz.
- Atuar na Fonte dos Riscos: A gestão de riscos psicossociais deve se concentrar em fatores como:
- Sobrecarga de trabalho: Evitando o excesso de informações ou tarefas fragmentadas que geram desorganização.
- Falta de reconhecimento: Criando sistemas de feedback e reconhecimento que valorizem o esforço e a realização pessoal.
- Relações interpessoais: Combatendo ativamente o assédio e promovendo uma comunicação saudável e transparente entre as equipes.
A saúde mental não é um benefício, mas uma estratégia central de negócios. Pessoas felizes e saudáveis constroem empresas produtivas e sustentáveis. É hora de colocar a saúde mental no centro da estratégia, pois sem ela, não haverá inovação.